CAMERAS

O Fantástico convida você a participar de uma discussão que envolve pais, filhos e educadores. A instalação de câmeras dentro de sala de aula aumenta a segurança na escola ou é uma invasão de privacidade? Vote na nossa enquete!

“Se eu concordasse com câmeras na sala de aula, estaria concordando em ser vigiada 24 horas por dia”, afirma a aluna Fernanda Visani, de 18 anos.

“Mas quando está em um meio público, sai na rua, você é filmada também”, diz Alyne Souza, de 16 anos.

“Tem muito mais lugar que precisa de câmera do que a gente dentro de uma sala de aula”, argumenta Lorenzo Firmino, de 17 anos.

“Acho que isso aumenta muito mais a nossa segurança”, acredita Natália Lahat, de 17 anos.

O ponto de partida de todo esse debate foi uma manifestação que aconteceu no início da semana em uma escola particular de São Paulo. Alunos foram surpreendidos pela novidade dentro de sala de aula. Muitos não concordaram com a instalação das câmeras e se recusaram a entrar na classe. Acabaram suspensos por um dia.

Zeca: Na sua classe já está instalada?
Flávio: Já.
Zeca: E isso não incomoda nem um pouco?
Flávio: De jeito nenhum.

“Inibe a naturalidade tanto do aluno quanto do professor”, conta André Fuão, de 17 anos.

“Um professor de literatura quer subir numa cadeira, declamar Shakespeare. Ele pode se sentir inibido por aquilo e não fazer, porque a diretora pode olhar e não gostar”, diz Bianca Carvalho, de 17 anos.

“Não vai ter alguém olhando mais de 50 salas ao mesmo tempo pra ver se o aluno está colando, se um está batendo no outro, não é assim”, pondera outra aluno.

“Ela só será usada caso haja alguma ocorrência. Se um dia eu sofri bullying, eu vou lá reclamar, eu tenho como provar que eu sofri bullying porque está registrado na câmera”, afirma Thiago Gouvêa, de 15 anos.

“A pessoa que faz bullying não tem que parar porque tem uma pessoa vigiando ela, ela tem que parar porque ela tem que aprender que isso é errado”, acredita Fernanda.

A discussão, claro, chegou na casa dos alunos. Os gêmeos Bruno e Guilherme cursam o primeiro ano. A mãe deles, Siomara Leite, aprovou a instalação das câmeras. “Não só pela questão da segurança, mas pela falta de educação dos alunos quanto aos professores. Os professores hoje em dia ficam recuados”, lamenta ela.

Zeca: Pela experiência de vocês, Guilherme, há um respeito dentro da sala de aula? Ou às vezes sim, às vezes não?
Guilherme: Hoje em dia não tem jeito, cada um fala o que quer.
Zeca: A câmera dentro da sala ajudaria a contornar isso?
Bruno: Tem gente que não está nem aí, mas ajuda um pouco, porque a pessoa fica com mais medo.

De volta à escola, Zeca retoma o bate-papo com os alunos.

Zeca: Se vocês pudessem trocar o papel. Como pais, vocês gostariam da ideia ou não?
Lorenzo: Meu pai não concordou.
Zeca: Vocês conversaram isso em casa?
Lorenzo: Conversamos.
Natalie: O meu pai concordou, só que ele disse que tinham que ter avisado.

“A gente deveria ter feito uma comunicação anterior melhor, que não foi feito. Isso teria ajudado”, admite a diretora-geral da escola, Esther Carvalho.

Zeca: Quem era contra ali tinha muito medo de ser vigiado. Isso só vai ser visto, analisado, em um caso pontual de um problema, uma complicação, bullying, uma discussão mais forte entre aluno e professor.
Esther: Exatamente.

Uma escola pública de Ponta Grossa, no Paraná, tem câmeras em sala de aula desde o início do ano letivo de 2010.

“Nós tínhamos muitas pichações em paredes, depredação de ambientes escolares, portas, carteiras. Com a instalação das câmeras, acabou tudo isso”, aponta o diretor Antônio Josué Jr.

Também foi a câmera que registrou uma briga. Os envolvidos puderam ser identificados e foram suspensos.

Outra confusão, em uma escola particular de Santos, litoral de São Paulo, foi registrada por uma câmera, só que de celular. Um aluno discute com a professora, arranca a pauta dela, apaga as notas e a agride. Será que ele teria outro comportamento se a sala de aula tivesse câmeras?

“Eu entendo que teria acontecido mesmo com câmeras”, acredita o coordenador pedagógico Ronaldo do Vale Junior.

Fernanda: A câmera, nesse caso, teria sido muito menos eficiente do que, por exemplo, a gente ter dois inspetores. O professor e o aluno estavam se batendo e tem a câmera filmando...
Bianca: A câmera vai lá impedir? Não.
Natalie: Se você vai vandalizando, até fazendo bullying, e não se toca de que isso está errado, a escola tem que tomar providências.

“Eu acho que nós temos que parar e pensar por que a gente precisa de tanta câmera. Só que eu tenho uma responsabilidade agora, eu tenho que dar conta dela e é por isso que a gente pôs”, defende Esther.